sábado, 16 de maio de 2009

Dia 13/05/2009 - O Dia da Incoerência

O último dia 13 de maio marcou os 121 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Embora a atitude da libertação dos escravos tenha sido a ação política mais coerente vista no nosso país, o que se vê é que ela ainda não ocorreu em sua plenitude, mesmo passadas tantas gerações de lá para cá.
Pois bem, esse mesmo dia deveria marcar outro tipo de libertação: a aprovação da liberdade ao exercício pleno profissional dos Ecólogos, através da derrubada do veto integral ao Projeto de Lei da Câmara (PLC 091/2006) que regulamenta a profissão. No dia em que celebramos a promulgação da lei mais justa da história do nosso país, o que vimos foi o Congresso Nacional manter o veto presidencial a um projeto anteriormente por ele aprovado unanimemente em todos os turnos de votação.
O resultado não poderia ser pior para o país: uma profissão com uma belíssima história de 30 anos e com perfil estratégico para o desenvolvimento da sociedade é deixada à margem do mercado de trabalho. Os Ecólogos ainda podem exercer sem problemas uma série de atribuições, mas há aquelas "reservadas pelo mercado", que exigem a fiscalização de um conselho profissional, o qual o Ecólogo não pode ter por não ser regulamentado. Para essas atribuições em especial, os Ecólogos seguirão penando.
Que mensagem o Executivo e o Congresso Nacional nesse momento passa ao país, e em especial aos estudantes de Ecologia? Tudo é muito bonito no discurso: "temos que 'defender o meio ambiente', 'valorizar os profissionais que atuam nessa frente'" e assim vai. Mas na prática e no voto secreto, obscuro, a realidade é bem diferente. Enfim, a grande mensagem é: "adoramos a ecologia e o meio ambiente para fazer discurso, só não gostamos dos profissionais que trabalham na área".
Não é por falta de esforço dos Ecólogos que o projeto não foi sancionado. Resultado de mobilização de várias pessoas e instituições que reconhecem a importância do Ecólogo, o PL chegou "até o fim", sem grandes percalços. No último passo, aquele que servia para confirmar que o Congresso Nacional acertou em aprovar a regulamentação do Ecólogo, o Executivo agiu no sentido contrário, vetou integralmente o PL, e causou consternação em milhares de trabalhadores sérios e comprometidos com uma melhor qualidade de vida da sociedade.
Resistência e resiliência. Estes são conceitos que os Ecólogos aprendem nas salas de aula e que observam em populações e comunidades. Nesse momento, esses conceitos são vivenciados na carne, no próprio coração. Antes de tudo somos seres deste planeta e sabemos da importância do exercício de nossa profissão. Sabemos a responsabilidade que temos nas mãos, no nosso dia-a-dia de ofício, e por isso continuaremos lutando por aquilo que sabemos ser certo.
Por fim, valho-me da poesia de Vinícius de Moraes para expressar o sentimento dos Ecólogos nesse momento:

"(...) Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!"
Extraído de "Operário em Construção"

2 comentários:

  1. o ecologo é a profissão do futuro... ou seja só no futuro bem distânte seremos reconhecidos, é rir para não chorar.

    Nunca na história desse pais teve um governo que virou tanto as costas para o meio ambiente.

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  2. realmente é rir para nao chorar...
    depois do veto do presidente, e da votaçao no plenario, onde o veto nao foi derrubado, ainda teve aquela palhaçada com atores da rede globo "defendendo a amazônia"
    Não entendo esse circo...

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